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quarta-feira, fevereiro 26, 2014

"O CHEFE " Capítulo 6 ( 250 - 299 ) Os 403 dias que marcaram o escândalo do mensalão





 Em março de 2010 , Ivo Patarra ,publicou o livro " O CHEFE " . O livro conta uma detalhada história da CORRUPÇÃO durante o governo Lula , especificamente dos 13 meses do ESCÂNDALO DO MENSALÃO  . 

     Ivo Patarra ( São Paulo ,8 de fevereiro de 1958 ) é jornalista e escritor . Ex- militante do Partido dos Trabalhadores , ele foi assessor de comunicação social da prefeitura de São Paulo na gestão de Luiza Erundina  ( 1989-1992) . Trabalhou na Folha de São Paulo , Folha da Tarde , Diário Popular e Jornal da Tarde . 


      Publicaremos os 21 capítulos do livro "O CHEFE" de Ivo Patarra , muito capítulos serão publicados em mais de uma postagem devido a quantidade de DENUNCIAS DE CORRUPÇÃO do governo PTRALHA .
       
     Queremos com essa publicação aproximar o cidadão trabalhador da leitura investigativa e das DENUNCIAS envolvendo esse governo PTRALHA que tomou de ASSALTO o Palácio do Planalto . Muitos não conhecem esse livro e isso me lembra uma tirada de Carlos Lacerda que denunciava a CORRUPÇÃO discursando  em cima de um caminhão ( caminhão do povo ) ; 
"SE O POVO NÃO SABIA , AGORA ELES SABEM . " 

  Agradecemos  ao jornalista e escritor Ivo Patarra , por ter coragem de denunciar essa ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA que chamamos de PTRALHAS . 

Obs; As fotos e os vídeos publicados  nas postagens não fazem parte do livro .



  Boa leitura ;



Capítulo 6

Os 403 dias que marcaram
o escândalo do mensalão




250
18/1/2006 A CPI dos Bingos apresenta relatório preliminar sobre o caso Caixa Econômica Federal/Gtech, que investiga contrato de R$ 650 milhões assinado entre a estatal do governo brasileiro e a multinacional norte-americana. O relator da CPI, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), solicita o indiciamento de três empresas e 34 pessoas. Entre elas, o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, e o secretário particular do ministro Antonio Palocci (PT-SP), Ademirson Ariosvaldo da Silva. Fazem parte da lista Waldomiro Diniz, assessor do então ministro José Dirceu (PT-SP), e Rogério Buratti e Vladimir Poleto, do círculo ligado a Antonio Palocci (PT-SP) na época em que o ministro da Fazenda era prefeito de Ribeirão Preto (SP).
Para Garibaldi Alves, há indícios de que os grupos liderados pelos ministros Antonio Palocci e José Dirceu disputaram a propina da Gtech. Ele denuncia os suspeitos de envolvimento por formação de quadrilha, corrupção passiva, crime contra o procedimento licitatório e improbidade administrativa. O relator acrescenta os crimes de falsidade ideológica e tráfico de influência para Poleto, e os de lavagem de dinheiro e contra a ordem tributária para Buratti.
Também existem pedidos de indiciamento para Marcelo Rovai e Antonio Carlos Lino da Rocha, respectivamente ex-diretor e ex-presidente da Gtech. Segundo eles, Waldomiro Diniz e Rogério Buratti tentaram extorquir R$ 6 milhões da multinacional, para permitir a renovação do contrato. Rogério Buratti nega. Diz que a Gtech ofereceu até R$ 16 milhões em propina por novo contrato de operações de loterias com a Caixa.
Mesmo com todo o rolo, o contrato foi assinado.
Garibaldi Alves também quer a punição das empresas MM Consultoria e S. Santos Assessoria, de propriedade do advogado Walter Santos Neto. Ele recebeu R$ 5 milhões da Gtech, dinheiro suspeito de ser propina repassada pela multinacional, em troca do contrato. O advogado teria atuado como intermediário. Para o senador, Walter Santos Neto mentiu ao justificar o uso do dinheiro investigado. Garibaldi Alves acusa Walter Santos Neto e funcionários dele de sacarem R$ 2,4 milhões em dinheiro vivo:
- Alguns desses saques foram feitos com carro-forte e entregues a ele em sua casa ou no escritório.

251
19/1/2006 Em depoimento à CPI dos Bingos, o motorista Éder Eustáquio de Macedo confirma que dirigiu o Omega blindado no qual viajaram Ralf Barquete, secretário de Finanças de Ribeirão Preto (SP), Vladimir Poleto, assessor do então prefeito Antonio Palocci, e as três caixas de bebida que conteriam dólares de Cuba destinados à campanha de Lula em 2002.
Nervoso e mostrando dificuldades para responder as perguntas, Éder Eustáquio de Macedo dá respostas monossilábicas e fica em silêncio durante longos períodos. Admite ter feito viagem do aeroporto de Amarais (SP) a São Paulo, mas garante não ter saído do carro em nenhum momento. A única coisa que fez foi abrir o porta-malas, acionando botão no painel do carro. Foram os passageiros que colocaram e retiraram a bagagem do porta-malas. Éder Eustáquio de Macedo diz que a carga foi deixada numa churrascaria em São Paulo, onde também ficou Vladimir Poleto. Ralf Barquete foi levado depois para o aeroporto de Congonhas.
Antes de depor, Éder Eustáquio de Macedo foi assessorado pelo advogado Hélio Silveira, defensor de Ademirson Ariosvaldo da Silva, secretário particular de Antonio Palocci. O escritório do advogado também teria quitado as despesas de hospedagem do motorista em Brasília. Éder Eustáquio de Macedo foi empregado como motorista do Ministério da Fazenda, no Rio.

252                                                                                                                          

20/1/2006 O Conselho de Ética da Câmara aprova, por 10 votos a 3, a cassação do mandato do deputado Wanderval Santos (PL-SP). Ele é apontado como beneficiário de R$ 150 mil do valerioduto. O dinheiro foi sacado por seu motorista no Banco Rural. Wanderval argumentou que não soube da operação bancária, e que os recursos foram retirados por ordem do ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ), que renunciou ao mandato para escapar da cassação.

No parecer em que recomendou a cassação, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) acusa Wanderval Santos pela prática de "mandato terceirizado", "submissão interessada" e "submissão negociada" ao ex-deputado Carlos Rodrigues, ex-líder da Igreja Universal do Reino de Deus. Wanderval Santos também teria se desligado da igreja.


O jornal Folha de S.Paulo publica levantamento segundo o qual o publicitário Duda Mendonça fez transferências de R$ 4 milhões de conta do BankBoston nos dias que antecederam o depoimento dele à CPI dos Correios, em agosto. Transferiu R$ 500 mil a Marcelo Mascarenhas Kertész, seu genro, R$ 2,5 milhões à Nov Patrimonial, empresa que pertence aos cinco filhos do publicitário, e R$ 1 milhão para a agência Duda Mendonça Associados.
As duas primeiras transferências ocorreram em 5 de agosto, um dia após o policial David Rodrigues Alves prestar depoimento à CPI e afirmar que sacava dinheiro do valerioduto para entregar a Zilmar Fernandes da Silveira, sócia de Duda. A terceira transferência foi em 10 de agosto, um dia depois do jornal Correio Braziliense noticiar a existência da offshore Dusseldorf, por meio da qual Duda teria recebido recursos de caixa 2 pelos serviços de marketing prestados por ele durante a campanha eleitoral de 2002.


O caso Cuba. O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Nelson Jobim, impede a CPI dos Bingos de usar informações obtidas por meio da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Roberto Carlos Kurzweil. O empresário é dono da locadora de automóveis que cedeu o Omega para transportar as três caixas de bebida nas quais teriam sido acondicionados dólares trazidos de Cuba para a campanha de Lula em 2002.

253
21/1/2006 Mais uma denúncia contra Duda Mendonça. De acordo com reportagem da revista Veja, o publicitário, familiares dele e a sócia Zilmar Fernandes da Silveira receberam ao menos US$ 15 milhões em cinco contas bancárias de agência do Bank of América, em Miami. "Tudo dinheiro de caixa 2", escreve o repórter Marcio Aith. Uma das contas é ligada à offshore Dusseldorf, pela qual Duda Mendonça admitiu que pôs as mãos em R$ 10,5 milhões, transferidos pelo valerioduto, para pagar os serviços prestados à campanha eleitoral de 2002. A bolada equivaleu a US$ 3 milhões.
A segunda conta é anterior, de 1993. Está em nome de uma outra empresa no paraíso fiscal das Bahamas, mas o beneficiário é Duda Mendonça. Ficava originalmente no BankBoston, fundido em 2003 ao Bank of América. Por essa conta, o publicitário teria recebido US$ 8 milhões, "das mais suspeitas e remotas origens". Da reportagem:
"Como nunca declarou ao fisco, pode-se dizer que sua incursão no mundo do caixa 2 não nasceu com o petismo, como jura às lágrimas. Já dura pelo menos 13 anos. As outras três contas do 'dudaduto' no Bank of América não são propriamente do publicitário. São (ou foram) de empresas nas Bahamas que têm ou tiveram as seguintes pessoas como beneficiárias: sua filha Eduarda Mendonça; alguém identificado como sendo 'sua mulher'; e sua sócia Zilmar Fernandes Silveira."


Veja também publica entrevista com o relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Ele afirma ao repórter Alexandre Oltramari que a comissão de inquérito vai investigar se o dinheiro movimentado por Duda Mendonça tem ligação com o financiamento de campanhas políticas do PT:
- Marcos Valério, que sempre foi apontado como o grande responsável pela operação do caixa 2 do PT, agora parece apenas um apêndice do esquema que tinha Duda Mendonça como personagem central.
- Duda Mendonça era frequentador assíduo do Palácio do Planalto. Dá para acreditar que o presidente também não sabia de nada a respeito das maracutaias do publicitário?
- Que o presidente Lula tinha ciência, ele tinha. Só não posso dizer quanto ele sabia. O suposto empréstimo ao PT, por exemplo, está hoje em R$ 100 milhões. À Coteminas, empresa do vice José Alencar, o PT deve R$ 11 milhões. Duda Mendonça disse que fez as campanhas do partido do presidente por R$ 25 milhões mas recebeu apenas R$ 10,5 milhões. Duda, portanto, ainda tem R$ 14,5 milhões para receber. O PT ia construir uma sede em São Paulo com R$ 15 milhões. É difícil acreditar que Lula não viu um caixa paralelo de mais de R$ 140 milhões.
- O presidente disse na televisão que não acredita na existência do mensalão.
- O presidente está errado ao dizer que não existem provas do mensalão. É um absurdo. Eu sou advogado. O tesoureiro do PT confessa ter distribuído dinheiro a deputados, líderes e presidentes de partidos da base aliada. Há extratos bancários demonstrando isso. Há a confissão e a renúncia de líderes e presidentes de partidos. Há coincidências de repasse de dinheiro com a mudança de parlamentares de partido e com votações de interesse do governo. Só o PL, que deu o vice a Lula, recebeu 24 transferências em menos de seis meses de 2003. São pagamentos semanais, contínuos, em valores muito semelhantes. Como é que não existem provas do mensalão?
Para Osmar Serraglio, Lula pode ser responsabilizado por negligência:
- O presidente não conseguiu reconhecer indícios de corrupção no partido dele. Não conseguiu perceber como seu partido foi eleito com uma minoria e formou uma maioria. Ele foi negligente no governo. Escolheu José Dirceu como seu braço-direito. Ele tinha de ter sido mais vigilante, tinha de ter se dado conta das coisas que estavam acontecendo. É responsabilidade dele.
Negligência é motivo para impeachment. Diz Osmar Serraglio:
- Alguém pode ser cassado sem sequer saber o que aconteceu, apenas porque o que aconteceu estava sob seu comando. Ele pode ser cassado porque nomeou, porque é o comandante. No julgamento político não é necessária a comprovação da culpa, mas apenas o convencimento da culpa pelos pares que vão participar do julgamento.

258
26/1/2006 Em depoimento à CPI dos Bingos, o ministro Antonio Palocci (PT-SP) nega irregularidades em serviços de varrição de rua em Ribeirão Preto (SP). Nega a existência de contratos ilegais na época em que foi prefeito da cidade. Nega ter havido caixa 2 nas eleições de 2002, quando coordenou a campanha de Lula. Nega a doação de dólares de Cuba para ajudar a eleição do presidente do PT. Nega o recebimento de dinheiro de casas de bingo para a campanha eleitoral. Como ministro da Fazenda de Lula, nega irregularidades no contrato entre a Caixa Econômica Federal e a multinacional Gtech.
Com fala mansa e pausada, jeito tranquilo, Antonio Palocci, de forma serena, diz ser "fantasiosa" as informações de seu ex-secretário de Governo em Ribeirão Preto, Rogério Buratti, que admitiu ter ouvido menções à operação Cuba. O ministro da Fazenda também é questionado sobre a propina de R$ 50 mil que, segundo o mesmo Rogério Buratti, era repassada a ele, Palocci, mensalmente, na Prefeitura de Ribeirão Preto. Diz o ministro:
- Não é verdade.
- Então ele é mentiroso?
- Não quero me pronunciar dessa forma.
Lula comenta o depoimento:
- O Palocci é um monumento de sinceridade, é um monumento de inteligência. Eu acho que, quem assistiu, saiu convencido de que o espetáculo que a CPI queria dar não aconteceu, porque o Palocci foi muito sincero, muito honesto e muito digno.


O Conselho de Ética da Câmara aprova pareceres recomendando a cassação dos mandatos dos deputados Professor Luizinho (PT-SP) e Roberto Brant (PFL-MG). A votação de Roberto Brant termina empatada em 7 votos a 7, e é desempatada pelo deputado Ricardo Izar (PTB-SP), presidente do Conselho de Ética. Roberto Brant recebeu R$ 102 mil do valerioduto, mas alegou que era doação da Usiminas para a sua campanha a prefeito de Belo Horizonte.
Já a cassação de Luizinho é aprovada no Conselho de Ética por 9 votos a 5. O petista apareceu na lista de Marcos Valério como beneficiário de R$ 20 mil. O dinheiro foi sacado no Banco Rural pelo assessor José Nilson dos Santos. Luizinho foi acusado de ter intermediado a conversa entre o assessor e o tesoureiro do PT, Delúbio Soares. O deputado garantiu desconhecer a origem dos recursos, e disse que não ficou com o dinheiro. Não convenceu.

260
28/1/2006 A revista Época publica levantamento sobre operações supostamente fraudulentas que envolvem o Banco do Brasil. Transações com a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) teriam provocado prejuízos de R$ 30,9 milhões ao banco federal. Os dados estão com a CPI dos Correios. As operações teriam as digitais de Lúcio Funaro, doleiro bem relacionado no meio político. Ele mantém ligações com a corretora Guaranhuns, intermediária na transferência de R$ 6,5 milhões do caixa 2 do PT para o PL.
As investigações da comissão sobre as perdas do Banco do Brasil, ocorridas entre janeiro e novembro de 2003, abrangem 12 operações com um procedimento financeiro chamado swap. Trata-se de empréstimos recíprocos entre bancos, em moedas diferentes com taxas de câmbio iguais. Costuma ser utilizado para antecipar recebimentos em divisas estrangeiras. O diabo é que as transações do Banco do Brasil com Lúcio Funaro terminavam sempre dando menos do que poderiam à estatal. Em seguida rendiam dinheiro ao doleiro, que obtinha melhores cotações no mercado.
A reportagem de Leandro Loyola informa que "todo mundo enxergava as melhores taxas, menos a turma do Banco do Brasil". Em Brasília, de acordo com Época, "suspeita-se que Funaro seja um intermediário especializado em desviar dinheiro público pelo mercado financeiro". A revista entrevista o sócio de uma grande corretora de São Paulo, que define Lúcio Funaro:
- Ele monta operações de cartas marcadas, transforma reais em dólares, lava o dinheiro e o envia para o exterior se o cliente quiser.

261
29/1/2006 O jornal Folha de S.Paulo traz relação de providências importantes que a CPI dos Correios deixou de tomar, após sete meses de apuração do escândalo do mensalão. A reportagem de Rubens Valente e Fernanda Krakovics mostra que não foram quebrados os sigilos de todas as movimentações do Banco Rural e do BMG, para se ter acesso completo a operações conduzidas por ambas instituições.
O procedimento possibilitaria saber se o Banco Rural e o BMG fizeram transações com bancos estatais, corroborando ou não a tese de que havia recursos públicos por trás dos empréstimos ao PT. A quebra dos sigilos traria dados sobre eventuais internações de capital por meio de empresas offshore ou outros bancos do exterior, próximos das datas dos R$ 55,8 milhões movimentados pelo valerioduto. Da reportagem:
"A confirmação desse tipo de transação levantaria a hipótese de que os recursos pudessem ser do próprio PT, mantidos em alguma conta não declarada no exterior."
Decisão grave da CPI foi a de não solicitar a quebra dos sigilos bancários, telefônicos e fiscais de todos os deputados acusados de receber o mensalão. Teve amparo no "acordo" segundo o qual a medida seria tomada em âmbito da CPI do Mensalão, o que não ocorreu. A CPI dos Correios jamais solicitou as listas completas dos assessores de deputados e senadores no Congresso Nacional, para cruzar com os nomes dos beneficiados por movimentações financeiras das empresas de Marcos Valério nos bancos suspeitos.

262
30/1/2006 Depoimento confuso à Polícia Federal. O presidente do PL, ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), afirma que, em 2002, numa transação intermediada por assessores dele, emprestou R$ 3 milhões do doleiro Lúcio Funaro, para efetuar despesas da campanha de Lula. Para a CPI do Mensalão, ele havia dito que não manteve qualquer relacionamento com a Guaranhuns.
Antes do depoimento à comissão, porém, Valdemar Costa Neto dissera que, por conta da aliança eleitoral com o PT, recebera cheque nominal da corretora, posteriormente convertido em dinheiro. Interessante recordar o que Valério havia dito. Segundo ele, a Guaranhuns recebeu R$ 6,5 milhões do caixa 2 do PT destinados ao PL. Valério também negou a história do cheque nominal.
De volta ao depoimento à Polícia Federal: ao argumentar que não conhecia Lúcio Funaro, Valdemar Costa Neto explicou que o empréstimo de R$ 3 milhões fora tomado junto a um "agiota", a quem desconhecia na época. O ex-deputado garantiu que todo o empréstimo foi integralmente destinado ao pagamento de dívidas de campanha, mas não apresentou os comprovantes.

263
31/1/2006 Depoimento à Polícia Federal: José Genoino (SP), ex-presidente nacional do PT, procura se eximir de responsabilidade por ter assinado, como avalista, empréstimos que o partido tomou junto ao Banco Rural e ao BMG. Afirma que seguiu "decisão conjunta do Diretório Nacional", e que "os detalhes não foram tratados por mim". Culpa o tesoureiro do PT:



- A negociação e a escolha das instituições financeiras ficaram a cargo do Delúbio Soares. Eu simplesmente assinei como avalista.
Apesar de presidente do PT na época, José Genoino sustenta que deixou os pedidos de empréstimos nas mãos de Delúbio Soares, "em confiança".
- Minhas funções eram eminentemente políticas na presidência. As funções administrativas, gerenciais e financeiras eram de competência do Delúbio.

264
1/2/2006 Em depoimento à Polícia Federal, Roberto Jefferson (PTB-RJ) admite ter recebido doação ilegal de R$ 75 mil para a campanha eleitoral de 2002. Veio de esquema operado por Dimas Toledo, ex-diretor de Engenharia de Furnas Centrais Elétricas. De acordo com Roberto Jefferson, Dimas Toledo levou a quantia pessoalmente a seu escritório político, em dinheiro vivo. O diretor de Engenharia da estatal federal só deixou o cargo em 2005, depois que Roberto Jefferson denunciou seu envolvimento no escândalo do mensalão.
A Polícia Federal investiga a autenticidade de um dossiê conhecido como "Lista de Furnas". Apura eventual envolvimento de Dimas Toledo com o "documento". Ele nega. A relação traz os nomes de 156 políticos, a grande maioria de oposição ao governo Lula. Eles teriam recebido R$ 40 milhões do caixa 2 de Furnas Centrais Elétricas, durante a campanha eleitoral de 2002.
A relação de nomes está em papel timbrado de Furnas, mas o carimbo de um cartório de Belo Horizonte poderia ter sido falsificado. A suposta fraude serviria como manobra diversionista. Desviaria a atenção do escândalo do mensalão. Surte efeito. Trava os trabalhos da CPI dos Correios.
O repórter Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, informa que a difusão da "Lista de Furnas" pelainternet foi feita por um militante do PT de Belo Horizonte. Ele teria recebido fotocópia da relação do deputado Rogério Correia (PT-MG). Rogério Correia diz que a obteve do lobista Nilton Monteiro. E Nilton Monteiro, por sua vez, afirma ter entregado o "documento" a um advogado, já morto. E assim o original não existiria mais.


Em entrevista ao repórter Maurício Dias, da revista Carta Capital, Roberto Jefferson fala sobre Dimas Toledo, "Lista de Furnas" e do envolvimento de Lula com o caso. Segundo Jefferson, "Dimas é um homem de tamanho prestígio, de tamanha força, que metade das pessoas incluídas na lista me ligou quando o presidente Lula pediu um nome para substituí-lo em Furnas".
- O senhor já tinha falado desse caixa 2 em Furnas, não?
- Sim, numa entrevista para a Folha de S.Paulo. Falei de um encontro com o Zé Dirceu. Ele me explicou como funcionava e pediu para que o Dimas permanecesse fazendo o caixa do PT e do PTB. Mas o presidente Lula não queria a permanência do Dimas, que ele considerava extremamente tucano. Mas o Dirceu queria que ele permanecesse. Nessa época, o Dimas já transferia dinheiro para o PT. Entregava dinheiro ao Delúbio.
- O que aconteceu?
- Lula reagiu. "Por que recuou?", perguntou o presidente. "Muita pressão", respondi. "E você não sabe resistir à pressão?", insistiu Lula. Eu disse, "então está fechado. Vamos trocar". O Dirceu protestou e disse que se eu tivesse insistido o Dimas ficaria.
- E por que não insistiu?
- Eu disse que era ruim manter o cara. Aí foi a origem de todo o meu problema com Dirceu. Por ter tentado remover o doutor Dimas dessa posição poderosíssima de apoio aos partidos políticos. Ele era tão poderoso que governadores me ligaram para que eu não o tirasse, que não insistisse na troca.
De acordo com Roberto Jefferson, ele havia feito um trato com o ex-ministro José Dirceu, para que os R$ 4 milhões de caixa 2 gerados por Furnas Centrais Elétricas fossem divididos, meio a meio, entre PT e PTB. Isso sem contar "a celebração de novos contratos em volumes vultosíssimos":
- Essa posição de Furnas só não era maior do que a posição da Petrobras. É uma das mais poderosas posições políticas do Brasil. É disputada em luta de carnificina pelos partidos. Exatamente em razão do financiamento eleitoral.


O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprova, por 11 votos a 3, pedido de cassação do mandato do presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE). Ele é acusado de ter recebido R$ 4,1 milhão de Marcos Valério, mas só admite o recebimento de R$ 700 mil. O dinheiro do caixa 2 do PT teria sido usado para pagar serviços de advocacia em defesa do ex-deputado Ronivon Santiago (PP-AC). A versão de Pedro Corrêa, contudo, foi rechaçada pelo relator do caso, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Do parecer que traz o pedido de cassação do presidente do PP:
"Corrêa exigiu, como parte da negociação que culminaria com o ingresso do PP na base aliada, que o PT efetuasse repasses de recursos a seu partido."

265
2/2/2006 A Polícia Federal indicia o publicitário Duda Mendonça e a sócia dele, Zilmar Fernandes da Silveira. Ambos vão responder por evasão de divisas, lavagem de dinheiro e operações realizadas em paraísos fiscais. Duda Mendonça não declarou à Receita Federal os R$ 10,5 milhões que admitiu ter recebido do PT no exterior, por serviços prestados na campanha eleitoral de 2002. Tampouco informou que era o dono daoffshore Dusseldorf, aberta nas Bahamas para lavar dinheiro. Apesar do indiciamento, Duda Mendonça mantém o contrato para a prestação de serviços publicitários à Petrobras.

268
5/2/2006 O ministro Antonio Palocci (PT-SP) apresentou versão falsa em depoimento à CPI dos Bingos. Disse que o PT pagou as despesas do aluguel do jatinho particular usado por ele, em 23 de julho de 2003. Naquele dia, Palocci fez viagem de ida e volta de Brasília a Ribeirão Preto (SP). Os repórteres Mario Cesar Carvalho e Leonardo Souza, da Folha de S.Paulo, procuraram notas fiscais e recibos que comprovassem o aluguel do avião em diretórios do PT. Nada acharam. O dono da aeronave, empresário José Roberto Colnaghi, reconheceu: não houve pagamento. Da reportagem:
"A história é uma farsa. Não houve pagamento pelo jatinho."
Em seu depoimento à CPI, Antonio Palocci dissera:
- O PT disponibilizou um avião particular, alugou um avião para fazer a viagem.
José Roberto Colnaghi também é dono do avião que teria transportado dólares de Cuba para o PT. Palocci nega a doação do governo cubano, como negou a veracidade da notícia publicada nos jornais de que viajara no avião de José Roberto Colnaghi. Na CPI dos Bingos, porém, o empresário confirmou tudo. Aí veio Palocci, com a história do aluguel do avião. Agora, novamente, o ministro foi desmentido. Do Código de Conduta da Alta Administração Federal, em vigor desde o ano 2000, em seu artigo 7°:
"A autoridade pública não poderá receber salário ou qualquer outra remuneração de fonte privada em desacordo com a lei nem receber transporte, hospedagem ou quaisquer favores de particulares de forma a permitir situação que possa gerar dúvida sobre a sua probidade ou honorabilidade."
Em carta enviada à CPI dos Bingos, José Roberto Colnaghi complica a situação de Antonio Palocci. Reafirma que não alugou o avião ao PT:
"Declaro, enfaticamente, que a referida aeronave, que é utilizada para minhas atividades industriais, pecuárias e de lazer, jamais foi locada a terceiros, nem cobrado qualquer reembolso por todos quantos nela já viajaram."

271
8/2/2006 Soraya Garcia, assessora financeira do PT de Londrina (PR) nas eleições de 2004, presta depoimento à CPI dos Bingos. Afirma que a empresa Itaipu Binacional doou R$ 400 mil de caixa 2 para a campanha de reeleição do prefeito Nedson Micheletti (PT). Acusa a multinacional norte-americana Gtech de ter quitado aluguéis de veículos usados na campanha. Reitera que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT-PR), participou do esquema. E confirma que o ex-ministro José Dirceu (PT-SP) levou R$ 300 mil em dinheiro vivo para irrigar o caixa do PT de Londrina nas eleições daquele ano.
Soraya Garcia diz que a campanha recebeu 20 mil camisetas fabricadas pela Coteminas, do vice-presidente José Alencar (PL-MG), todas transportadas em caixas da agência de publicidade DNA, de Marcos Valério. A ex-assessora conta que, pressionada pela Justiça Eleitoral para explicar a origem das camisetas, conseguiu nota fiscal fria, da própria Coteminas, depois de muito insistir. O documento foi providenciado pelo tesoureiro Delúbio Soares.

272
9/2/2006 O Conselho de Ética da Câmara rejeita, por 9 votos a 5, parecer que recomendava a cassação do ex-líder do PP, deputado Pedro Henry (MT). É o primeiro caso em que o Conselho de Ética derruba o voto do relator. Pedro Henry foi acusado por Roberto Jefferson de distribuir recursos do caixa 2 do PT para a bancada do PP, e de pressionar o líder do PTB, deputado José Múcio (PE), para que os petebistas também participassem do mensalão.
De acordo com o relator do caso Pedro Henry, deputado Orlando Fantazzini (PSOL-SP), houve uma "união espúria entre PP e PT", resultado de reuniões das quais participaram, pelo PP, Pedro Henry, José Janene (PR) e Pedro Corrêa (PE). Teriam repassado R$ 4,1 milhões do valerioduto ao PP. Trecho da entrevista de Jefferson à Folha de S.Paulo, em 6 de junho de 2005:
- Me lembro de uma ocasião em que o Pedro Henry tentou cooptar dois deputados do PTB oferecendo a eles mensalão, que ele recebia de repasse do doutor Delúbio. E eu pedi ao deputado Íris Simões que dissesse a ele: se fizer, eu vou para a tribuna e denuncio. Morreu o assunto.


Em entrevista ao blog Nos Bastidores do Poder, do jornalista Josias de Souza, Roberto Jefferson afirma que o ex-ministro José Dirceu lhe propôs a partilha da "sobra" mensal do esquema montado em Furnas Centrais Elétricas. O presidente do PTB cita o diretor de Engenharia da estatal, Dimas Toledo:
- Dava R$ 4 milhões. R$ 1 milhão ficaria para despesas de diretoria que o Dimas teria, R$ 1,5 milhão iria para o PTB e R$ 1,5 milhão para o PT.
- O senhor chegou a conversar sobre isso com o próprio Dimas?
- Sim. Ele esteve em minha casa, em abril do ano passado, a pedido do Zé Dirceu.
- Ele queria o quê?
- Formalizar o acordo. Me disse que ficaria para o PTB R$ 1,5 milhão por mês e para o PT R$ 1,5 milhão. Reforçou a conversa que o Zé Dirceu já havia acertado. Eu voltei ao Zé, contei os termos e perguntei: "Está fechado?" Ele disse: "Fechado". Foi quando Lula deu para trás. Disse: "Não, esse cara é um traidor. Ele é tucano. Botamos R$ 1,5 milhão na Cemig, para fazer o programa Luz para Todos nas favelas, e ele só botou placa do governo do Aécio".
- A proposta da partilha foi feita para que o senhor concordasse com a manutenção do Dimas?
- Exato. Quem ficava com tudo naquela época era o Delúbio. Tinha também um "grupo dos 12" do PSDB, que ficava com R$ 600 mil por mês. E três eu sei com certeza: Piauhylino, Osmânio Pereira e Salvador Zimbaldi.


O jornalista Janio de Freitas, da Folha de S.Paulo, comenta o trecho da entrevista no qual Roberto Jefferson disse que "Lula deu para trás", e aquele no qual o presidente da República afirmou que Dimas Toledo "é um traidor", porque teria beneficiado o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB):
"O que está implícito na descrição feita por Jefferson é o conhecimento do esquema ilegal por Lula, na condição de palavra final e decisiva. A descrição faz depreender também que, não fosse a omissão em uma placa, o acordo seria aprovado. Lula não 'daria para trás' se, em outra afirmação de Jefferson, a verba mensal já existia e até então ficava para o PT e um grupo seleto de deputados de outros partidos."
Na entrevista de 6 de junho de 2005 à Folha de S.Paulo, Jefferson fornecera outros números do caixa 2 de Furnas Centrais Elétricas. Falou em R$ 3 milhões, divididos da seguinte forma: R$ 1 milhão para o PT nacional, R$ 1 milhão para o PT de Minas Gerais, R$ 500 mil para a diretoria de Furnas e R$ 500 mil para um grupo de deputados. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, dá números uma vez mais diferentes:
- Dimas esteve na minha casa para tratar da partilha. No total eram R$ 4 milhões. R$ 1,5 milhão para o PT e R$ 1,5 milhão para o PTB, mensais, além de R$ 400 mil para as despesas de diretoria que o Dimas teria. Outros R$ 600 mil eram para o grupo dos 12 do PSDB.
Jefferson relata à repórter Ana Paula Scinocca que, diante da recusa de Lula em manter Dimas Toledo em Furnas, tentou substituí-lo por Francisco Spirandel, indicação do PTB. Estava tudo acertado. Aí a revista Veja publicou a reportagem em que Maurício Marinho, funcionário dos Correios, aparecia em gravação pegando propina. Eclodiu o escândalo do mensalão e suspenderam a posse de Francisco Spirandel. Diz Jefferson:
- É por isso que eu sempre disse que tinha o dedo da Abin. Isso aconteceu em razão de o PT querer caixa único.
O jornal O Estado de S. Paulo também informa que Furnas, anualmente, faz investimentos da ordem de R$ 1 bilhão. A estatal federal é responsável pela segunda maior parcela de geração de energia no Brasil, só perdendo para a Itaipu Binacional. A repórter Irany Tereza relaciona os supostos bens de Dimas Toledo, funcionário de Furnas por 30 anos: apartamento na Barra da Tijuca (RJ), casa em Lorena (SP), três casas, apartamento e terreno em Resende (RJ), 15 alqueires de terra em Bocaina (MG) e três automóveis. E isso sem contar os imóveis transferidos para os filhos.

278
15/2/2006 Em depoimento à CPI dos Correios, Dimas Toledo, ex-diretor de Engenharia de Furnas Centrais Elétricas, reconhece ter sido o único alto funcionário da estatal a permanecer no cargo, após as eleições de 2002. Ele nega dispor de padrinho político. Diz que a decisão de mantê-lo em Furnas foi da então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff (PT-RS).
Dimas Toledo admite encontro com o ex-tesoureiro Delúbio Soares, no fim de 2002. Segundo ele, Delúbio Soares visitou a estatal "para conhecer o que era Furnas, como funcionava". Dimas Toledo também recebeu a visita de Silvio Pereira, secretário-geral do PT na época. Foi em 2003. Durante a reunião, "Silvinho" pediu o organograma de Furnas.
Opinião de Dimas Toledo sobre o encontro com Delúbio Soares:
- Conheci o Delúbio Soares no final de 2002. A eleição já tinha acabado. Ele queria saber o que Furnas fazia. Tivemos uma boa conversa.
Agora, sobre Silvinho:
- Nunca conversei com Silvio sobre contratos ou serviços de empreiteiras para Furnas. A última vez que falei com ele foi no início de 2005.
A Polícia Federal apura o envolvimento dos três filhos de Dimas Toledo em esquema de cobrança de propina de construtoras e prestadoras de serviços contratadas por Furnas. Suspeita-se que empresas eram induzidas a contratar consultorias de fachada, indicadas por Dimas, para viabilizar os acertos.

279
16/2/2006 A Polícia Civil de Goiás indicia Delúbio Soares por peculato. O ex-tesoureiro é acusado de apropriação indevida de dinheiro público. Ele recebeu salários mensais que variaram de R$ 1.240 a R$ 1.400, em 2001 e 2002, como se estivesse prestando serviços ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás. Na época Delúbio trabalhava em São Paulo, para o PT. As presidentes da entidade sindical naquele período, Noeme Diná, já indiciada, e Neyde Aparecida (PT-GO), eleita deputada, assinaram comprovantes falsos de que Delúbio cumpria jornadas de trabalho de 40 horas semanais em Goiânia.


O Conselho de Ética da Câmara aprova, por 10 votos a 3, a cassação do deputado João Magno (PT-MG). Acusado de envolvimento no escândalo do mensalão, ele admitiu ter recebido R$ 426 mil das contas de Marcos Valério. Garantiu, porém, que usou o dinheiro para pagar despesas da campanha política de 2002, quando se elegeu deputado, e das eleições de 2004, quando disputou e perdeu a Prefeitura de Ipatinga (MG). João Magno não registrou os recursos na Justiça Eleitoral. Diz que aguardava documentos do PT sobre a origem da contribuição. Depois que o escândalo do mensalão veio à tona, aí, sim, decidiu prestar contas ao Tribunal Regional Eleitoral.

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19/2/2006 Mais indícios de caixa 2 na relação Duda Mendonça/PT. A CPI dos Correios fez levantamento sobre R$ 9,3 milhões oficialmente destinados ao publicitário por comitês eleitorais do PT, para pagar serviços prestados a seis candidaturas do partido nas eleições municipais de 2004. Os técnicos não encontraram registros de que o dinheiro tenha sido depositado nas contas da Cep (Comunicação e Estratégia Política), a empresa de Duda Mendonça responsável pelos trabalhos. Tampouco há depósitos em outras contas bancárias ligadas dele. É como se Duda não tivesse recebido pelos serviços.
O repórter Diego Escosteguy, de O Estado de S. Paulo, ouviu as desculpas costumeiras. Do advogado de Duda Mendonça, Tales Castelo Branco:
- Quem tem que explicar como se deram os pagamentos é o PT. Duda recebeu pelos serviços prestados e já explicou tudo à Receita Federal.
Para o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, a responsabilidade não é do partido, mas dos comitês eleitorais:
- Não participamos dos contratos dos comitês municipais.
A lógica: o dinheiro foi repassado para Duda Mendonça em paraísos fiscais no exterior. Ou, para quem quiser acreditar: os recursos de caixa 2, recebidos em espécie, pagaram fornecedores durante a campanha. Não sobrou nada.
Detalhe: um dos "empregados" da Cep de Duda é Luiz Favre, marido da ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP), derrotada em uma das seis campanhas tocadas pelo publicitário. Salário de Luiz Favre, R$ 14 mil mensais. Depois da campanha, Luiz Favre teria recebido uma bolada de R$ 148 mil do "patrão".

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21/2/2006 Relatório preliminar da CPI dos Correios indica que nove fundos de pensão elevaram de R$ 48,8 milhões para R$ 533 milhões os investimentos no Banco Rural e no BMG, de 2003 a 2004. O aumento de mais de 10 vezes ocorreu em aplicações em CDBs (Certificados de Depósitos Bancário) e FIFs (Fundos de Investimento Financeiros) e levou em conta as reaplicações.
A CPI suspeita que os investimentos funcionaram como mecanismo de compensação, um tipo de premiação pelos "empréstimos" concedidos pelos dois bancos ao esquema PT/Marcos Valério. Como exemplo, apresenta os casos dos fundos Funcef (Caixa Econômica Federal), Nucleos (estatais nucleares), Portus (portuários) e Previ (Banco do Brasil). Nenhum deles tinha aplicações nos bancos Rural e BMG. Investiram R$ 84,7 milhões em 2004.


A Polícia Federal faz a identificação de duas empresas de fachada localizadas no paraíso fiscal das Bahamas. Elas receberam recursos da Dusseldorf, offshore do publicitário Duda Mendonça. A Dusseldorf recebeu dinheiro do caixa 2 do PT. As empresas são a Raspberry e a Strongbox. Os depósitos vieram da Dusseldorf e somam US$ 632 mil. As duas offshores têm o mesmo endereço em Nassau, capital das Bahamas.
A transferência de dinheiro entre offshores é um método clássico para despistar a origem e o destino de recursos ilegais. Os nomes da Raspberry e da Strongbox estavam nos arquivos do MTB Bank, de Nova York, fechado sob a acusação de movimentar altas somas operadas por doleiros. Funcionaria como uma lavanderia de dinheiro. As duas offshores mantiveram contas no BankBoston de Miami. Fizeram depósitos em conta do MTB Bank em nome da empresa Maximus, com sede no Uruguai.
As investigações também detectam que a Dusseldorf fez remessa de US$ 730 mil para o banco Crédit Suisse, em Zurique, em 19 de setembro de 2003. A remessa seguiu depois para conta do banco suíço no BankBoston e, de lá, a beneficiário não-identificado. A Dusseldorf teria repassado US$ 473 mil para a conta do Bankhaus Carl, em 19 de dezembro de 2003. Suspeita-se de duas coisas: o Bankhaus poderia ser instituição financeira com sede em Bremen, na Alemanha, ou operadora de conta no banco Chase Manhattan, em Miami.
Outra empresa, a Prudential Securities, sobre a qual não há informações, recebeu US$ 100 mil da Dusseldorf, em 16 de dezembro de 2003. O dinheiro foi creditado em conta do Chase Manhattan, em Nova York. Em 1998, Duda Mendonça recebeu recursos por meio de outra empresa, a Eleven, que tinha conta no Citibank de Nova York. Suspeita-se que essa conta recebeu US$ 5 milhões de dinheiro supostamente desviado da Prefeitura de São Paulo de 1993 a 1996, na gestão de Paulo Maluf (PP-SP), para quem Duda trabalhou.

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22/2/2006 A Polícia Federal indicia Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL. Ele é acusado de lavagem de dinheiro e crime contra a administração pública. Teria recebido R$ 1,6 milhão do empresário Marcos Valério. O dinheiro chegou ao PL por conta do acerto com o PT. Jacinto Lamas confessou ser o autor de retiradas, "em pacotes lacrados". Não deu informações sobre o destino do dinheiro. Alegou que fez os saques por determinação do presidente do PL, ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), e garantiu ter entregado toda a quantia a Valdemar, sem nem conferir as somas que transportou.
Os repasses do valerioduto ao PL seriam de R$ 10,8 milhões. O dinheiro também teria chegado ao partido por meio de operações financeiras intermediadas por corretoras. Valdemar Costa Neto renunciou ao mandato. Disse que os repasses fizeram parte de acordo eleitoral com o PT, e assegurou ter usado o dinheiro para pagar despesas da campanha eleitoral de 2002.

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1/3/2006 Os Estados Unidos divulgam relatório mundial sobre o combate ao crime organizado. O Brasil e o escândalo do mensalão ocupam espaço de destaque. O documento cita as investigações desencadeadas por autoridades brasileiras contra "figuras públicas corruptas, incluindo inspetores de alfândega, autoridades federais tributárias e altas figuras políticas, e o uso de empresas offshore para lavagem de dinheiro".
Ao abordar o caso brasileiro, o relatório do governo norte-americano fala num "leque de atividades corruptas de escopo espetacular", e salienta que investigações realizadas por CPIs "revelaram um escândalo de corrupção de várias camadas, envolvendo a alegada compra de votos pelo Partido dos Trabalhadores do presidente, e financiada por propinas em contratos". O documento menciona pagamentos efetuados em contas no exterior e faz alusões aos bancos Rural e BMG, que "serviriam de conduto para pagamentos ilícitos, por meio de contas bancárias de uma firma de publicidade".

295
4/3/2006 Marcos Valério fez chantagem em conversas por telefone com o ex-deputado José Borba (PR), ex-líder do PMDB na Câmara dos Deputados, acusado de receber R$ 2,1 milhões do caixa 2 do PT. José Borba renunciou com medo de ser cassado. A reportagem de Alexandre Oltramari e Otávio Cabral, da revista Veja, informa que Valério teria exigido proteção da CPI dos Correios. Senão, acusaria repasse de dinheiro a Borba, que pretendia comprar apoio da ala oposicionista do PMDB e se manter no cargo de líder do partido.
Valério estaria pronto a denunciar o recebimento de mensalões por parte de deputados do PMDB, e a dizer que entregou dinheiro para José Borba pagar o apresentador de televisão Carlos Massa, o "Ratinho", em 2004. Em troca, ele usaria seu programa no SBT como palanque para Lula e a então candidata à reeleição em São Paulo, a ex-prefeita Marta Suplicy (PT). De fato, Ratinho fez uma entrevista com o presidente durante um churrasco na Granja do Torto, e repetiu alguns trechos da gravação várias vezes em seu programa de televisão.
A revista relata as "relações estreitas" entre José Borba e Marcos Valério. Descreve quatro reuniões entre os dois, de setembro de 2004 a março de 2005, no hotel Sofitel, em São Paulo. Participaram Delúbio Soares e o advogado Roberto Bertholdo, assessor de José Borba. Bertholdo havia sido nomeado pelo governo Lula para o Conselho de Administração da Itaipu Binacional.
De acordo com a reportagem, Borba seguia para Brasília depois das reuniões e, numa sala da Câmara dos Deputados, recebia filas de deputados do PMDB:
"Mas havia uma logística curiosa: os deputados entravam na saleta um a um, nunca em grupo. O entra-e-sai ocorria quase sempre à noite."
Os repórteres entrevistaram um ex-aliado de Bertholdo, não identificado pela revista. Ele afirma que 55 deputados do PMDB, pertencentes à base de apoio do governo Lula, recebiam mensalões. Variavam de R$ 15 mil a R$ 200 mil, conforme o cacife do agraciado. O entrevistado da revista conta que certa vez Bertholdo lhe mostrou, dentro de um jatinho particular, uma caixa de papelão com R$ 8 milhões em dinheiro vivo. Bertholdo não tinha medo:
- Que perigo, o quê? Eu tô operando para o governo.
O advogado Sérgio Renato Costa Filho gravou conversas que manteve com Roberto Bertholdo, seu ex-sócio. Uma delas remete ao caso do pagamento ao apresentador Ratinho. De acordo com o grampo, Bertholdo diz assim:
- Na segunda-feira eu vou, eu e o Ratinho e o Borba, no avião do Ratinho, pra pegar o Delúbio, que é o tesoureiro. Pra fazer um acerto de uns cinco paus.
"Cinco paus" seriam R$ 5 milhões. Em outra gravação, Bertholdo menciona o diretor-geral da Itaipu Binacional, o petista Jorge Samek. Ele teria cobrado US$ 6 milhões de propina da empresa Voith Siemens, para perdoar uma dívida. Do diálogo dos advogados, após Bertholdo falar dos US$ 6 milhões:
- 6 paus em dólar?
- É, temos que pegar pelo menos três.
- Sim.
- (...) Se quiserem me tirar do Conselho, não me tiram por causa do PMDB. É minha função lá dentro.
- Sim, claro.
- (...) O Samek não põe a gente pra dentro do jogo. Vai tomar no c...
- Eu também acho. Podia ter chamado...
- Não. Podiam falar: "Ó, tamo fazendo..."
- Então...
- E aí pegar como doação de campanha, mesmo...
- Hum-hum.
- Com gosto.
- Hum-hum.
A reportagem esclarece que Jorge Samek integra o seleto grupo de amigos de Lula. Costuma participar de churrascos e festas na Granja do Torto. Samek já foi próximo de Bertholdo. Pegou carona em viagens para Brasília no jatinho do advogado, na época em que Bertholdo fazia parte do Conselho de Administração de Itaipu. Agora, Bertholdo está preso em Curitiba. É acusado de vários crimes, entre os quais grampear um juiz federal, vender sentenças judiciais, lavar dinheiro, fazer tráfico de influência e o de torturar o ex-sócio Sérgio Renato Costa Filho, para se apoderar das fitas gravadas por ele.

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5/3/2006 O jornal Correio Braziliense reproduz trechos de uma conversa gravada. Nela, o ex-motorista do senador Romero Jucá (PMDB-RR), Roberto Jefferson Marques, admite ter feito saque de R$ 50 mil na agência do Banco Rural do Brasília Shopping. Na fita, Marques comenta sua ida ao banco:
- Eu só cheguei lá e disse: "Meu nome é Roberto Jefferson Marques". Aí, o cara falou: "Ah, tudo bem". Só isso. E me entregou um envelope amarelo, grampeado em cima. Não abri, não fiz nada.
De acordo com a gravação, o motorista, conhecido como "Xuxa", recebeu determinação do senador, que foi ministro da Previdência Social do governo Lula, para fazer a retirada no Banco Rural. O dinheiro deveria ser entregue a um certo homem, identificado como Magela. Assim Marques procedeu.
A reportagem, de Luciene Soares, Rodrigo Lopes e Marcelo Rocha, conta que Marques ficou assustado com a eclosão do escândalo do mensalão. Romero Jucá tratou de desligá-lo do gabinete em Brasília, e tirá-lo da capital federal. Ele foi para Belém, onde passou mais de um mês. Sem trabalho, voltou a procurar o senador. Sem sucesso. O Correio Braziliense relata:
"A fita cassete em que Roberto Marques faz as revelações foi gravada no final de outubro de 2005, durante uma conversa no interior de um veículo. O interlocutor de Marques, que fez a gravação, prefere não se identificar. Marques estava desempregado. Depois que tomou conhecimento do que dizia seu ex-motorista, o senador voltou a empregá-lo. Hoje, ele trabalha na Prefeitura de Boa Vista, cuja titular é Tereza Jucá, mulher de Romero Jucá. Agora, Marques nega ter feito saques a pedido do senador. Afirma desconhecer qualquer coisa relacionada ao assunto."

299
8/3/2006 Mais um escândalo. Em depoimento à CPI dos Bingos, Francisco Chagas da Costa, motorista que trabalhou entre março de 2003 e fevereiro de 2004 para a "república de Ribeirão Preto". Ele prestou serviços a assessores e outras pessoas ligadas ao ministro Antonio Palocci (PT-SP) em Brasília. São eles: Ademirson Ariosvaldo da Silva, Rogério Buratti, Vladimir Poleto e Ralf Barquete. Afirma ter visto o ministro "três vezes, mais ou menos", na chamada "casa dos prazeres", alugada no Lago Sul. Diz o motorista:
- Foi lá, ia lá. Mas não em festa. Durante o dia, mas sem festa. Não sei o que ia fazer. Foi poucas vezes. (...) Umas três vezes, mais ou menos. Eu o vi entrando na casa.
Recorda-se que, em janeiro, Antonio Palocci foi questionado pelo senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), relator da CPI dos Bingos, sobre a casa alugada por Poleto, que pagou R$ 60 mil em dinheiro pela locação, um adiantamento equivalente a seis aluguéis. No depoimento de Palocci, o relator perguntou:
- Vossa excelência não esteve nenhuma vez na casa que ele alugou no Lago Sul?
- Aqui em Brasília?
- Sim.
- Não, nenhuma vez.
- A casa que era utilizada para reunir empresários.
- Não estive nenhuma vez.
Francisco Chagas da Costa afirma que Antonio Palocci foi à "casa dos prazeres" sem carro oficial. Usava o automóvel Peugeot de Ralf Barquete, assessor da presidência da Caixa Econômica Federal, nomeado para o cargo por influência de Palocci. Ralf Barquete foi um auxiliar importante de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP). Outra declaração espinhosa do motorista:
- Eles faziam festa e levavam as meninas para a casa. Eu levei as meninas, sim. Várias vezes. Deixava lá.
As "meninas" são garotas de programa, agenciadas por Jeany Mary Corner. Perguntado se a conhecia, o motorista afirma:
- Essa era a mulher que arrumava as meninas para a casa. Fazia festas e levava para a casa. Cheguei a vê-la duas vezes.
Francisco Chagas refere-se a Ademirson Ariosvaldo da Silva. Descreve como o secretário particular de Antonio Palocci se referia ao ministro:
- Eu ouvia falar: "Tenho uma reunião com o chefão". "Temos de falar com o chefão tal hora". Podia ser ele, eles não falavam ministro Palocci, não. Falavam chefão. Quando queriam falar com o chefão, pediam para ir ao Ministério da Fazenda.
O motorista relata que transportou duas vezes para a "casa dos prazeres" o empresário Roberto Carlos Kurzweil, dono do automóvel no qual teriam sido transportados dólares de Cuba para o PT. Uma terceira vez levou-o do hotel em que estava hospedado ao Ministério da Fazenda, para onde também se dirigiram dois empresários de jogo angolanos. Seriam José Paulo Teixeira Figueiredo e Artur José Valente Caio. Segundo Rogério Buratti, eles fizeram uma doação de R$ 1 milhão em caixa 2 para a campanha de Lula em 2002.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Rogério Buratti volta a confirmar o jantar do qual participaram Antonio Palocci e os dois empresários angolanos, em 2002. Foi em São Paulo na casa de Roberto Carlos Kurzweil, que conhecia o ministro desde 1991. Uma das empresas dele, a Rek, cuidava da coleta de lixo em Ribeirão Preto, quando Palocci era vereador do PT. Eleito prefeito, Palocci aumentou o número de serviços prestados pela Rek. Diz Rogério Buratti:
- Soube desse jantar por causa das relações que tinha com o Palocci. Eu não vi o dinheiro para a campanha ser entregue, mas essas coisas ninguém vê. Mas tenho certeza absoluta de que a contribuição aconteceu. Não tenho dúvidas.


Em votação secreta, a Câmara dos Deputados absolve dois parlamentares acusados de envolvimento no escândalo do mensalão. Roberto Brant (PFL-MG) recebeu R$ 102 mil do esquema de Marcos Valério. O dinheiro foi sacado por um assessor, Nestor Francisco de Oliveira. O outro deputado absolvido é o Professor Luizinho (PT-SP), cujo assessor José Nilson dos Santos fez retirada de R$ 20 mil do valerioduto. Roberto Brant recebe 283 votos a favor da absolvição. Outros 156 deputados pedem a cassação do mandato. Necessita-se de pelo menos 257 votos para efetivar a cassação. Luizinho teve 253 votos pela absolvição e 183 pela perda do mandato.
Outros dois deputados já haviam sido absolvidos pelo plenário da Câmara: Sandro Mabel (PL-GO) e Romeu Queiroz (PTB-MG). E quatro renunciaram para fugir da cassação: Valdemar Costa Neto (PL-SP), Carlos Rodrigues (PL-RJ), José Borba (PMDB-PR) e Paulo Rocha (PT-PA). Apenas dois foram cassados: Roberto Jefferson (PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP).
Depois da absolvição, festa para Luizinho. Amigos reúnem-se no apartamento do deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). Estão lá o líder do PT na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), e os deputados João Paulo Cunha (PT-SP) e Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Também participam da confraria o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT-SP), o prefeito de Santo André (SP), João Avamileno (PT), e a assessora especial da Presidência da República, Miriam Belchior. O evento é fechado à imprensa. Diz Luizinho:
- Não vou querer ficar fazendo festa com algo que não se pode festejar. Seria uma falta de sensibilidade.


Depoimento à CPI dos Correios. Lúcio Funaro, apontado como antigo dono da corretora Guaranhuns, afirma ter ouvido comentários no mercado financeiro, segundo os quais João Vaccari Neto, integrante da direção da CUT (Central Única dos Trabalhadores, ligada ao PT), é o responsável por operações mantidas pelos fundos de pensão Petros (dos funcionários da Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa Econômica Federal). Lúcio Funaro é investigado por ter provocado prejuízos de R$ 100 milhões aos fundos de pensão. Declaração de Lúcio Funaro:
- O que ouço no mercado é que o João Vaccari, que foi presidente do Sindicato dos Bancários e é ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e ao governo do PT, seria o responsável pela operação desses fundos. O Marcelo Sereno seria o responsável pela operação dos fundos menores.


A Polícia Federal encaminha ao STF (Supremo Tribunal Federal) inquérito que apurou o escândalo do mensalão. Traz 226 depoimentos em 4.500 páginas. Há 40 pessoas relacionadas para indiciamento, entre políticos, empresários, operadores do mercado financeiro, lobistas e servidores públicos. Cinco pessoas são citadas: Duda Mendonça, Marcos Valério, José Genoino, Delúbio Soares e Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil.





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