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segunda-feira, setembro 07, 2009


Este Leão (Danuza) é manso

por Maria do Rosário

“As aparências enganam” e o que a colunista Danuza revela, “Na Sala”, não condiz com o que se passa na alcova da imprensa e do poder – coisas que ela carrega no DNA, conhece como ninguém e é a mais perfeita tradução desta mistura tão nociva ao país nas últimas seis décadas. Não a conheço, não a tenho como leitura freqüente, mas nutro por ela uma leve simpatia pelo simples fato de ser uma mulher que soube ocupar seus espaços e sair da sombra do ex-marido poderoso e da irmã – esta sim, genial e famosa.

Pois, em artigo recente, o Leão Danuza rugiu para cima da ministra Dilma Rousseff em um texto carregado de preconceitos, juízos de valor e intenções (más) dissimuladas. As opiniões pessoais desta moça é um direito inalienável dela. Contestá-la, com mais respeito do que ela teve pela Ministra, é igualmente democrático.

O fato é que este mesmo Leão que ruge contra a Ministra – misturando vida pública e privada em uma colcha de retalhos de asneiras – é manso e cordato diante dos chicotes de seus domadores. Seus urros são seletivos e de rei das selvas torna-se o bobo da corte da campanha para que um tucano volte a reinar.

Ao contrário de Danuza, conheço Dilma Rousseff muito antes de ela sonhar em ser Ministra Chefe da Casa Civil ou antever a possibilidade de se tornar Presidente da República – não fosse esta real possibilidade, talvez, os leões não estariam rugindo pra ela. Sei de seus traumas – não aqueles chiliques que levam dondocas aos anos de divã – mas daqueles causados pela prisão e pela tortura.

Dizer que Dilma fala “com aquela voz de general da ditadura no quartel”, como afirma Danuza em seu abominável artigo, é desrespeitoso com o passado da ministra, que aos 19 anos estava sob o jugo destes verdugos, enquanto corajosas – e medrosas – colunistas de hoje compactuavam com o regime, seja pelo silêncio, seja pelas viagens psicodélicas, seja pelas viagens ao redor do mundo.

Não sei baseado em que a colunista afirma que “não existe em Dilma um só traço de meiguice, doçura, ternura”. Quantas vezes, por exemplo, ela viu o ex-ministro Serra sorrir em oito anos de governo FHC? Não sei se pelos caninos vampirescos, mas a coisa mais difícil para os marqueteiros tucanos é colocar um sorriso simpático no hoje governador tucano. O que não me autoriza – nem a ninguém – a prejulgar ou questionar sua sensibilidade, seus amores, suas paixões e seus gestos de civilidade.

O medo de Danuza não tem parentesco com o medo de Regina Duarte na campanha de 2002 – aquilo foi apenas um truque publicitário que deu em nada. O texto de Danuza tem sim a mesma gênese e leviandade das afirmações de Collor sobre a vida privada do Presidente Lula. Se o olhar “possuído” de Collor é público e notório, a semelhança de suas práticas tem simbiose perfeita com o papel voluntariamente desempenhado por Danuza.

Dilma Rousseff é uma administradora severa, exigente com seus subordinados? Não sei, mas penso que, se for, é uma qualidade, não um defeito. Na vida privada da Ministra – que acompanho desde os tempos de Rio Grande do Sul – ela sempre foi uma mulher apaixonada, uma mãe amantíssima e uma figura profundamente sensível com as questões sociais, sejam as coletivas ou as individuais.

Aqui cabe um parêntesis. Durante o apagão energético do governo tucano/danuza, o Rio Grande do Sul escapou do racionamento graças sobretudo ao trabalho da então secretária Dilma. Naquela ocasião – e para isto há inúmeros testemunhos – toda a preocupação da hoje ministra era com os pequenos consumidores de energia, aquela gente que mal conta com um pequeno ferro elétrico e três lâmpadas pra se aquecer e que não poderia – em nenhuma hipótese, dizia ela – ficar privada de energia em suas casas.

A ministra hoje, além da ira dos leões que não a querem como sucessora de Lula, enfrenta e vence uma luta contra o câncer. Sobre este episódio, que ela tratou com a mais absoluta altivez e transparência, uma informação que se tornou pública – e que a colunista Danuza preferiu desconhecer – joga por terra todo o argumento do preconceituoso artigo.

Quando soube que teria que enfrentar um tratamento deveras demorado e doloroso, Dilma disse que o mais difícil não foi tomar conhecimento da doença. Foi ter que contar o fato para a mãe e para a filha. De acordo com ela, é lancinante a dor de ter que dar uma notícia como esta e ainda ter que consolar o coração das pessoas que ama. Deus é grande, afirma Danuza, na única frase não descartável do seu artigo. E é a grandeza deste Deus que está devolvendo a saúde plena a nossa Dilma. E Ele, com certeza, vai também restituir a verdade ofendida por artigos como este, e vai conduzir o país para um debate, sereno e democrático que sempre precisa ser travado."

Só pra saber...

Qual das duas, abaixo, é realmente de dar medo?

A Danuza/Tucana saudável (?) (Foto sem retoques!!!)

Ou a Dilma? (Com câncer e em tratamento!!!)



quarta-feira, setembro 02, 2009

Back2Black ---- Félix Maier

Back2Black

Félix Maier

Back2Black é um trocadilho de "back to black" (volta ao negro).

O Back 2 Black Festival ocorreu de 28 a 30 de agosto de 2009, no Rio de Janeiro, com a presença da ativista política moçambicana Graça Machel, esposa de Mandela, do músico senegalês Youssou N’Dour, da economista zambiana Dambisa Moyo, do escritor e pintor sul-africano Breyten Breytenbach, considerado um dos nomes mais fortes de resistência ao Apartheid, do cineasta sul-africano Gavin Hood que produziu o filme Tsotsi, do escritor angolano José Eduardo Agualusa e do humanista popstar Bob Geldof.

Na parte musical, o B2B teve artistas de nome nacional como Marisa Monte, Ed Mota, Gilberto Gil, Dona Ivone Lara, Luiz Melodia.

É ótimo que ocorram eventos dessa natureza, para a preservação da rica e multicolorida cultura negra oriunda da África. No entanto...

No entanto, não é só de cultura negra que vive a África. Esta, predomina apenas abaixo da região sub-saariana. Todo o Norte da África - região do Magrebe, da Líbia e do Egito - não é negro, mas pardo, composto principalmente por árabes.

Claro, quando se fala da África, a primeira ideia que nos vem à mente é de que se trata do "continente negro", especialmente por ter o Brasil se servido de escravos negros oriundos de lá, durante o Império.

Mas, o que significa back to black, a volta ao negro? Significa que os promotores do evento passam a ideia erronea de que a humanidade teve origem na África negra, de que o primeiro homem, ou melhor, de que a primeira Eva ("Lucy"?), foi uma mulher negra. Se isso fosse realmente verdade, Beethoven seria negro, Einstein seria negro e até Pelé seria também negro. Por que, então, instituir o sistema de cotas racistas nas universidades, se até um branquelo azedo, como eu, sou negro?

Muitos movimentos negros não passam de movimentos racistas disfarçados. Algumas pessoas não tem o menor pudor em ostentar camisetas com os dizeres "Orgulho da raça negra" ou "100% negro". No fundo, não passam de 150% racistas!

O que se estranha é que os ditos grupos de “defesa de afrodescendentes” queiram chamar de negra, p. ex., uma morena como Thaís Araújo ou Camila Pitanga. Elas têm, digamos, uns 50% de sangue branco e outros 50% de sangue negro. São, naturalmente, “morenas”, não “negras”, como muitos (racistas de cor?) querem impor. Chamá-las de “negras” equivale a chamá-las também de “brancas”, o que efetivamente elas também não são. Nesse mesmo erro incorreu Paula Barreto, branca, filha do produtor de cinema Luís Carlos Barreto, que se casou com o jogador de futebol Cláudio Adão, e que não aceita a denominação do termo “pardo”: “Tenho horror a ele. É feio, preconceituoso. Meus filhos são negros e são felizes” (in Racismo Cordial – A mais completa análise sobre preconceito de cor no Brasil, Editora Ática, São Paulo, 1995. pg. 38). Pelo visto, virou mesmo moda de muito “moreno-claro” se apresentar como “negro”, só para acompanhar a onda “politicamente correta” em voga. Colocar uma cor acima da outra é racismo puro.

Por que chegamos a esta ridícula situação?

O (pouco) disfarçado racismo negro teve grande impulso com FHC, que na deliberação do Programa Nacional dos Direitos Humanos, criado em 1996, deu início à divisão do Brasil em um país bicolor: "Determinar ao IBGE a adoção do critério de se considerar os mulatos, os pardos e os pretos como integrantes do contingente de população negra". Assim, os negros mestiços, ainda que tenham 50% de sangue europeu, passam a ser tratadas como africanos puros, um absurdo! Com uma penada, FHC pretendeu acabar com uma instituição nacional, a “mulata”.

“Com este jogo de conceitos, o censo, que apresentava 51,4% da população brasileira como sendo branca, 5,9% como negra e 42% como parda, com o advento da nova expressão fez com que a população negra passasse a constituir 47,9% dos brasileiros. Diante dos números aima, foi criado o slogan: ‘No Brasil a pobreza tem cor, e ela é negra’. A causa da pobreza dos negros seria um ‘racismo escondido’. O governo, em vez de combater a pobreza com os instrumentos clássicos de educação de qualidade, geração de emprego, fortalecimento da família e de valores morais, com amor ao trabalho e à poupança, vem criando uma série de programas de incitamento à revolta, resultando em invasões de propriedades e desrespeito às decisões judiciais” (Nelson Barretto, in A Revolução Quilombola, Artpress, São Paulo, 2007, pg. 11-12).

Quando uma pessoa morena abomina sua "branquelice", em favor de sua "negritude", apresentando-se orgulhosa como sendo da "raça negra", está provando que é uma pessoa que tem preconceito da "raça branca". Trata-se, apenas, de uma pessoa racista e ponto final. Segundo os últimos estudos do genoma humano, dois zulus podem ser mais diferentes entre si do que em relação a pessoas de outros povos, vizinhos ou não, inclusive nórdicos.

Assim, falar em "raça" é enaltecer algo já enterrado pela ciência moderna. Falar em "raça" não passa de coisa de racista. Hoje, de cor invertida. Back to black é isso.


Senado aprova o AI-5 digital. Políticos querem uma internet chinesa no Brasil. Conversa Afiada não acata decisão

Na foto, os generais Costa e Silva e Médici, os campeões da democracia demo-tucana

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado acumpliciada com a Comissão de Ciência e Tecnologia apoiou uma legislação chinesa para a internet no Brasil – veja o que saiu no blog do Nassif.

Os cérebros dessa patranha são Marco Maciel (DEM-PE), que serviu ao regime militar com silenciosa candura, e Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que tem um encontro marcado com o corajoso ministro Joaquim Barbosa por causa do mensalão tucano de Minas.

Sob cinzenta liderança desses dois cavalheiros, a internet brasileira não poderá emitir opinião sobre candidatos em período eleitoral.

A barbaridade é igualar a internet às empresas de rádio e TV, que vivem em regime de concessão.

O que Marco Maciel e Eduardo Azeredo querem é a censura.

Os dois fazem parte da base demo-tucana e isso tem cheiro de José Serra, que controlava a imprensa brasileira com três telefonemas: ao doutor Roberto, ao Ruy Mesquita e ao seu Frias.

Os demo-tucanos são os que mais ganham com a censura.

Os demo-tucanos tem pavor da luz do sol que, como se sabe, é o melhor desinfetante.

O ministro Ayres Britto, ao relatar no Supremo o fim da lei de imprensa, declarou: a imprensa controla os governos. A internet controla a imprensa. A liberdade da internet tem que ser maior que a liberdade da imprensa.

O Conversa Afiada quer comunicar a seus amigos navegantes que, por causa dessas e outras, está pendurado num provedor em território americano, onde a internet desfruta de liberdade razoavelmente maior do que a da China.

E, de lá, do território americano, dirá o que bem entende.

Quero ver o Senado, o Marco Maciel e o Eduardo Azeredo calarem o Conversa Afiada.

Paulo Henrique Amorim Paulo Henrique Amorim

O dogma Lula é irrevogável---




Por que Aloizio Mercadante não manteve sua "irrevogabilidade"? Porque não teve coragem de enfrentar Lula.

Mas, por que não teve? A razão é a mesma que acomete muitos intelectuais "não petistas" : Lula é "inatacável".

Poucas pessoas têm coragem de contestar um ex-operário, aparentemente honesto, que muito sofreu para chegar onde está. Além disso, Lula tem a cor do que seria a pátina da "revolução", de uma "justiça social" vaga.

Por isso, pergunto-me: será que os intelectuais não veem que nossa democracia conquistada há vinte anos está sendo roída pelos ratos da velha política?

Não se trata (nem estou pedindo) que esculachem o presidente.

Lula tem várias qualidades, mas está usando só os seus defeitos: autoritarismo de Ibope alto, "lua de mel consigo mesmo", confusão conceitual no ensopadinho ideológico do "lulismo" (discursos populistas e práticas oportunistas), ausência de um plano concreto, além do virtual e midiático PAC, alianças com os mais sujos para "governar" e ficando incapaz de fazê-lo pelas mesmas alianças que agora o manietam.

A atitude de Lula de se colocar "acima" da política como sendo "coisa menor" é uma sopa no mel para corruptos e vagabundos. No dia seguinte à absolvição de Sarney, o PMDB não deu trégua e já quer mais emendas orçamentárias, no peito.

Alguns intelectuais ficam "angustiadinhos": "Ah...eu tinha um sonho...que se esfumou..." - choram os militantes imaginários, e nada fazem. A covardia intelectual é grande. Há o medo de ser chamado de reacionário ou careta. Todos continuam com a mania de que são "radicais" (como ser, por exemplo, corintiano doente).

Continuam ativos os três tipos exemplares de "radicais": os radicais de cervejaria, os radicais de enfermaria e os radicais de estrebaria. Os frívolos, os burros e os loucos. Uns bebem e falam em revolução; outros zurram e os terceiros alucinam. Padecem da doença herdada (resistente a antibióticos) de um voluntarismo com ecos stalinistas, cruzada com o germe do sindicalismo oportunista. Para eles, "administrar" é visto como ato menor, até meio reacionário, pois administrar é manter, preservar - coisa de capitalistas.

Lula é dogma. Diante dele, abole-se o sentido crítico. É como desconfiar da virgindade de Nossa Senhora. Fácil era esculhambar FHC.

Volto a dizer: não quero que "demonizem" Lula; pelo contrário, quero até que o ajudem nessa armadilha em que o país (e ele) caiu por sua atitude.

Lula viaja nessa maionese ambivalente (que até a "The Economist" denuncia) de leninismo sindicalista com apresentador de TV, um "mix" de Waldick Soriano com Getúlio.

Com essas alianças, Lula revigorou o pior problema do país: o patrimonialismo endêmico, que tinha diminuído depois de FHC. Temos agora uma espécie de "patrimonialismo de Estado": boquinhas para pelegos (200 mil) e pernas abertas para o PMDB.

Estamos diante de um momento histórico gravíssimo, com os dois tumores gêmeos de nossa doença: a direita do atraso e a esquerda do atraso. Como escreveu Bobbio, se há uma coisa que une esquerda e direita, é o ódio à democracia.

Essa crise é tão sintomática, tão exemplar para a mudança do país, que não podia ser desperdiçada pelos pensadores livres. É uma tomografia que mostra as glândulas, as secreções do corpo brasileiro - um diagnóstico completo. Esse espasmo de verdade, essa brutal explosão de nossas vísceras, talvez seja perdida porque as manobras do atraso de direita e do atraso de esquerda trabalham unidas para que a mentira vença.

E intelectuais sérios, artistas famosos e celebridades não abrem a boca. Onde estão os velhos manifestos de que eles gostavam tanto?

Quando haverá manifestações da sociedade para confrontar a ópera bufa que rola à nossa frente? As denúncias foram todas provadas, a imprensa denuncia e é ameaçada, enquanto os canalhas se sentem protegidos pelo labirinto do Judiciário. E não se trata mais de mensalões e mensalinhos, netinhos ou netinhas nomeadas; trata-se da implosão de nossas instituições republicanas, feita pelos próprios donos do poder.

O Brasil está entregue à mentira oficializada, manipulada pelo governo e o Legislativo, num jogo de "barata-voa" com as denúncias, provas cabais, evidências solares, tudo diante dos olhos impotentes da opinião pública. E homens notáveis do país estão calados. Quando se manifestam isoladamente, são apenas suspiros esparsos, folhas de outono, lamentos doloridos...

Mudar é trair, para os tais "radicais" dos três tipos. Ninguém tem coragem de admitir a invencibilidade do capitalismo global, com benesses e horrores (como a vida). Ninguém abre mão da fé em utopias ridículas - o presente é chato, dá trabalho; preferem um futuro imaginário.

Não admitem que um "choque de capitalismo" seria a única bomba a arrebentar a casamata paralítica do Estado inchado, gastador e ineficiente, e que isso seria muito mais progressista que velhas ideias finalistas, esse "platonismo" de galinheiro sobre o "todo, o futuro, o ser, a história". Eles não abrem mão dessa "elegância" filosófica ridícula. Só pensam no que deveria ser e não enfrentam o que inexoravelmente é. Preferem a paz de suas apostilas encardidas. Há uma grande indigência teórica sobre o Brasil contemporâneo. Ignoram a estrutura colonial e preferem continuar com teses mortas.

O mito do messianismo é muito forte, com sua origem religiosa. Não entendem que o homem de "esquerda" de hoje tem que perder fé e esperança, e que o verdadeiro progressista tem de partir do não-sabido e inventar caminhos.

Só uma força plebiscitária poderá mover essa grande pizza envenenada.

Por isso, pergunto, como os antigos: quando haverá uma manifestação séria da opinião pública? Uma ação continuada de notáveis da República para impedir esse jogo de carniça entre os Três Poderes, essa vergonha que humilha o Brasil? Vamos continuar de braços cruzados?